M V Izquierdo

O Lado Esquerdo dos Blogs ou Aquele Blog Que Tem a Tal da Sacadinha...

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sexta-feira, 30 de março de 2012

O dia em que o Bruno quase foi pras cabeças

No centro velho de São Paulo, umas semanas atrás, eu vejo um grupo de meninas bem perto de mim, em cochichos. Um dia normal. Até que uma grita:

- Bruno! Volta aqui! Peraí, você fala com a gente e não dá telefone, não é!

- Isso, Bru, pega o nosso telefone.

- Liga pras duas, tá? Não esquece da gente, gatinho. Ai, pega o meu hotmale... digo, hotmail.

O cara anotou o telefone e o e-mail das duas e foi embora. As meninas continuaram exaltadas:

- Tchau, Bru! Lindo. Coisa louca.

O cara foi, finalmente, mas continuou sendo assunto.

- Ai, eu tou sem chapinha, acabada, menina.

- Nossa, nem me fala. Se não estivesse assim, ele ia pras cabeças.

Em tempo, sorte dele que não foi pras cabeças. Não encontraria muita coisa por lá.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Risco à Vida

Joga no abismo um jogo com o mistério das palavras, das formas tortas, soltas, duras, independentes; como o lápis que lhes dá à vida.
A linha reta é a mentira idealista que só nos serve para desenhar o horizonte em que se prega o ponto de fuga.

Quem machuca o branco do papel, tem a impressão da própria dor.

Os dedos, mímicos da alma, que, desafiando o próprio motivo da sua existência (viver), tentam, subversivamente, manifestar os desarranjos escondidos na alma e tomar forma (tentação suicida, para os que não se suportarem).

Mas é dessa forma que suas emoções habitarão aqueles que, relutantes, enrugarão o queixo, franzirão a testa, diante dos traços que lhes devassa o peito, expõem ao mundo tanto os belos sentimentos como os indiscretos, descortinados por palavras escolhidas a dedo: contraveneno para a insegurança e a angústia protetoras dos que se rejeitam.

Machuque, rabisque, corra seus riscos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

O tempo passa

Há uns dois dias eu vi um vizinho do meu primo, o Vinícius. Um garotinho de 10 anos que eu via brincar de carrinho e andar de bicicleta.

Ele estava de barba por fazer, xavecando uma garota.

Meu Deus.

terça-feira, 27 de março de 2012

O artifício Macho man para conquistar mulheres

Um cara, de uns 20 anos, começa a puxar papo com umas meninas.

“Nossa, teve também aquela vez que o cara veio querer falar umas bobagens. Soquei ele”

As meninas começam a dar mais atenção pro rapaz. Ele fica empolgado.

“Daí apareceu um cara de 2 metros de altura, com um braço desse tamanho. Ele veio socando todo mundo. Eu fui por trás e dei uma voadora nele!”

As meninas riem e demonstram um certo apreço. Ele percebe que a história surte efeito. Pra torná-la mais excitante, começa a reproduzir os efeitos sonoros.

“Ai o cara veio em cima de mim e eu Pá, tá Tuf! Pow! E o cara, escataplóft”

As meninas chegam mais perto dele e dão o número do celular, pra ele contar mais sobre os caras em que ele bateu, uma outra hora aí, quem sabe...

Daí você pensa que não sabe absolutamente nada sobre mulheres. Ou sobre a humanidade em geral.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Vida Rádio e TV

Era meia-noite. Eu estava voltando para casa, depois de um dia de trabalho e faculdade.

Enquanto abria o portão, um carrão-caro (tipo muito caro mesmo) estacionou na rua. Quando reparei, o cara que saia dele, um homem de uns 35 anos, com roupa social impecável, gel no cabelo e um perfume-caro (tipo muito caro mesmo) veio, com um sorriso no rosto, falar comigo.

- Moleque, como você cresceu! Tudo bem?

Quando me dei conta, percebi que o cara era um vizinho das antiga.

Agora, veja bem: eu, fedend... digo, com cheiro não-convencional, barbado, com uma camisa desbotada, com olheiras e uma fome danada, estava em frente a um cara que, à meia-noite, estava impecavelmente limpo, bem-humorado e de barba feita. Suportei meu ódio, e respondi:

- Tudo bem, velho. E você?

- Tranquilo. Vindo do trabalho?

- Da faculdade.

- Você estuda o quê?

- Rádio e TV.

- Ah. Pô, jeitão perfeito de quem faz RTV, você.

O cara é médico. E, a partir de hoje, meu arqui-inimigo.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Eu, eletricista

Madrugada. Eu estava lendo tranquilamente, até que a luz da luminária se apagou. Não seria problema se tivesse sido eu quem a havia desligado.
Pra resolver esse contratempo, fiz o que de mais inteligente eu conseguiria:

Rosqueei a lâmpada com força. Empurrei ao máximo o plugue na tomada. Liguei e desliguei o interruptor inúmeras vezes. Xinguei a luminária (eu não sabia mais o que fazer!). Nesse momento eu decidi que iria solucionar tudo com minhas próprias mãos.

Decidi abrir a caixinha do interruptor. Então, eu tive um momento de luz.

RÁ! Acabei achando o problema. Um maldito fio havia se rompido.



Solucionar foi rápido. Depois de 50 minutos treinando, o interruptor praticamente se concertou sozinho. Veja, um trabalho de mestre:
E quando a luz chegou...

... trouxe o sono. Desliguei a luminária e fui dormir.
A prova da minha capacidade de eletricista

quinta-feira, 22 de março de 2012

Sinceridade e Marketing


Foi na Avenida Paulista. Um homem me abordou, meio choroso e desesperado.

“Olha, um monte de gente nem aceita falar comigo, mas eu preciso de ajuda. Eu preciso voltar pra Santa Isabel, com a minha mulher e a minha filha, a Pietra”

Ele parecia realmente desesperado e desorientado.

“Nós viemos pra São Paulo pra eu me tratar da minha tuberculose (dou um passo para trás, sem perceber) e eu não tenho dinheiro pro ônibus”

Eu começo a ver se tinha algum para dar pro homem.

“Eu vou ser sincero. Eu tinha o dinheiro, mas eu fiz a única coisa que o médico falou pra eu não fazer: beber e fumar. E eu bebi o dinheiro. Eu sou alcoólatra, moço, e... Você não vai mais dar dinheiro, né?”

Fiquei meio em choque. Como vou dar o dinheiro se ele pode acabar bebendo. E a Pietra? Senti um certo freio, mas acabei dando alguma coisa. Ele agradeceu e disse que agora o dinheiro dava para a filha e a mulher viajarem.

Será que o impulso de sinceridade dele foi só uma ação de marketing? Bem, se foi, acabou colando.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Nu, intimidade e melodia

O homem chegou meio envergonhado. Entrou na sala de casa, abriu uma maleta e pegou um tipo de chave-de-fenda de madeira.

Em determinado momento, ele despiu o piano, retirando delicadamente a placa de madeira que o cobria.

Sem emitir sons, começou a tocar as teclas com suavidade intensa. O piano dizia coisas difíceis de entender, mas que os ouvidos do homem encontravam sentido. Analisava a vibração das cordas que compunham o som da nota tocada, numa contemplação absurdamente amorosa.

C, D, E, F, G, A, B; sem falar dos #

Compreendendo as mensagens íntimas do instrumento, o homem investia com mais segurança e força os toques de sua chave-de-fenda de madeira. A voz do piano ai ficando cada vez mais doce e terna.

Até que, numa nota final, ele disse "Acabamos".

A duração desse relacionamento foi rápido, apesar de impressionantemente belo.

A hora da afinação do piano, é um momento tão forte e revelador, que dá vontade de, simplesmente, pôr um pano no instrumento, para que não o vejam assim, em condições tão frágeis, Nu.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Os dois pombinhos

Ounn, gUti guTi coiXa Fofia

Um dia desses, no metrô, eu vi dois pombinhos apaixonados.

Foi a cena mais melosa que eu já vi na minha vida. O jeito como eles se encostavam formava um coração. Eles davam bicadas que pareciam beijos e não se distanciavam nem um segundo.




 Oun, dá até vontade de falar aXim, dExa cOixa fofa, gUti GuTi *.* s2

quinta-feira, 15 de março de 2012

MVI perdido em São Paulo - capítulo 232

Outro dia eu tinha que ir pra uma rua absolutamente desconhecida, num lugar que parecia ser a milhões anos luz de onde eu moro.

Fiz minha procura usual no Googlemaps e anotei o percurso.

Na hora de pegar o ônibus, subiu em mim aquela dúvida, e perguntei pro motorista se ele conhecia a rua onde eu tinha que descer.

Começamos a conversar. Começou com um comentário meu “Ual! Deve ser muito legal dirigir um ônibus”

Daí ele começou “Eu já trabalhei em banco. Era investidor. Durante 15 anos. Mas eu não aguentei mais. Fui em busca do meu sonho. Esse aqui, dirigir!”

“Eu só não virei piloto de avião porque é muito caro. Não consegui fazer todas as horas necessárias. Mas eu amo o que eu faço”

Continuou “Eu fiz Mackenzie. Na verdade fiz dois anos e tive que parar, sabe. Não dava pra ficar bancando. Mas eu adoro ler, por exemplo. Mas meu filho está na faculdade.”
 
E por detrás do volante, existe muita história legal; e gente legal, é claro.


Não perca o próximo capítulo de "MVI perdido em São Paulo".

quarta-feira, 14 de março de 2012

Impasse

Os meninos da rua onde eu moro, de uns 10, 11 anos, estavam jogando bola.

O gol era uma parede, e eles revezavam quem defendia e quem cobrava.

Numa hora, um dos meninos que estava no gol recebeu um chute que bateu bem no canto da parede.

“Não foi gol, não foi gol”

“É claro que foi. Bateu aqui, ó, aqui. Aqui é gol”

“O gol é só até aqui. Aqui onde bateu nem é mais gol, ô!”

“Nada a ver...”

Não havia delimitações, na verdade. Nenhum deles estava errado. O único detalhe é que a concepção espacial do “gol” crescia ou diminuía de acordo com a vontade de quem dava o chute.

Perguntaram pra mim “Foi gol ou não foi?”

Pra sair dessa enrascada, e não apanhar dos moleques, falei enquanto saía na pressa “Ninguém fez gol. Vocês não estão dando os onze passos”

Sai andando sem olhar para trás, com medo. Não gosto de me meter nessas coisas. Podiam mandar um chute em mim. Humpf

terça-feira, 13 de março de 2012

O homem que foi pego pelo ônibus


Estava andando na rua, há umas semanas, e um morador de rua, absolutamente bêbado, começa a conversar comigo. Na verdade ele estava tentando falar com alguém, eu fui o único que deu alguma atenção pro homem.

“Qual o seu nome, velho?”

“Eu sou o A.. Ar... Ariov... ARIOVALDO!” Começou a rir, sem parar. “Sabe que... sabe que eu fui atropelado por um ônibus. Eu estava atravessando a rua. E o ônibus me pegou... em vez de eu pegar o ônibus”

Riu, muito. Acabei rindo também.

“Olha aqui o que ele fez (ele mostra uma parte afundada do topo da cabeça dele). Quatro centímetros de profundidade. Eu fui pro hospital, comi muito (Chaves?)”.

Ele, pra mostrar que é entendido das coisas, perguntou: “Você sabe o que é ‘viçoso’?”

Eu: “Que tem frescor, beleza...”

Ele riu e me deu parabéns. Pediu desculpas pelo incômodo, dizendo que só queria receber sorrisos, e foi embora.

:)

segunda-feira, 12 de março de 2012

Massagem surpresa


Eu estava sentado no banco do vagão, ao lado da janela. Um garoto e uma garota se sentaram nos bancos atrás do meu, virados de costas para mim.

Eles conversavam e riam até que pairou um certo silêncio.

Do nada, eu sinto mãos me fazendo uma massagem no ombro. Eu viro para trás assustado e, quando me dou conta, a menina que estava sentada atrás de mim parou de me massagear.

“Tudo bem aí?” Eu perguntei com medo da resposta.

“Eu só queria fazer uma massagem. Você não quer?”

Ela só podia estar bêbada. Eu disse “Não”.

“Ah tá”

Ela se virou. Eu fiquei tentando entender o que havia acontecido. Num determinado momento eles saíram do vagão. O garoto que estava com a massagista me pediu desculpas.

Foi, definitivamente, bizarro.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Out of Gas

Quem diria. Aparentemente essa falta de abastecimento dos postos de gasolina fez milagres.

Ainda ontem, quem sempre saía pra buscar o carro no estacionamento estava lá, no ponto de ônibus ou entrando no metrô.

E a reviravolta máxima aconteceu: a colega de faculdade que mora no ABC (e que sofre bullying por isso (compreensível)) era a única entre todos que podia se gabar por poder abastecer o carro, já que o abastecimento só deixou de acontecer aqui pela capital, aparentemente. Todos sentiram inveja dela.

As posições mudam em tempos de crise.

O jeito mais aconselhável de conseguir gasolina

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres aos milhares

Minha vida sempre esteve repleta delas.

Pra se ter uma ideia, eu moro com 4 mulheres, cada uma de uma geração; sem falar das outras mulheres com quem convivo, como avós, tias, primas, colegas, namorada. Quando consegui meu primeiro estágio.. BUM, só dava mulher no departamento. Me senti em casa (literalmente).


Mas o que me deixa mais feliz não é ter mulheres por todos os lados, mas sim ter mulheres fascinantes por todos os lados. Inteligentes, engraçadas, ativas (vide bisavó-cozinheira de 101 anos), amorosas, lindas.

No dia Internacional das Mulheres, sou eu quem aproveita o climinha bom que paira em casa.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Hoje, o blog MVI faz aniversário de 1 ano!

Na verdade, o blog não existe há um ano, mas seu formato e gênero atuais, sim. Antes ele era um blog pouco interessante, melancólico e absolutamente chato. Hoje ele não é melancólico.

Mas, meu Deus, o que se dá no aniversário de um ano? O que um blog gostaria de ganhar? Preciso pensar como um blog!

Posts? Não, ele tem um monte, já.

Uma nova logo marca? Eu posso errar na cor. Ele é difícil de agradar.

Talvez um blog-fêmea, pra ele poder virar membro. Mas acho que ele não gosta desses encontros arranjados.

Bem, sem dúvida, o melhor presente pra ele é gente pra ler seus posts.

Obrigado a todos que leem o blog (os três). Um abraço no lado esquerdo.  

Alguns amigos que se juntaram para um bolinho