No metrô, outro dia, um homem, de uns 50 anos, quis me bater.
Ele gritava e xingava alguém pelo celular, mas o aparelho ficava sempre de cabeça pra baixo, desligado.
Eu olhava para ele, observava os modos.
Ele dizia "Mata ele!!!". Berrava que tinha que ser assim; ponto final. Eu continuava olhando. Puro interesse. Deu pra perceber que era tudo piração.
Ao sair do vagão, eu ri dele. Um misto de dó e de um tipo sensação de público de uma peça de humor. Meio Brecht, meio "Pra trair e coçar é só começar".
Ele percebeu e me perseguiu. Disse que queria que eu saísse do metrô. Queria me pegar.
Tentei não ligar pra ele. Acabei o despistando.
Infelizmente ele teve o que quis. Alguém lhe deu atenção, e ele se apegou a essa pessoa, a querendo imensamente. A querendo para si.
Como a um amor.
Lástima.